A Missão Empresarial ao Paraguai, organizada pela Fundação Empreender, encerrou com um balanço extremamente positivo e a constatação de que o país vizinho representa uma oportunidade sólida e estratégica para a expansão das empresas de Santa Catarina. Com a participação de mais de 10 empresários catarinenses, a agenda intensa de visitas a grandes indústrias e reuniões de alto nível superou as expectativas, tanto dos participantes quanto da organização.
Segundo o diretor de Internacionalização da Fundação Empreender, Jonathan Roger Linzmeyer, a edição deste ano foi especial pela qualidade da agenda e pela abertura do empresariado paraguaio. “Conseguimos visitar grandes empresas e tivemos o privilégio de conhecer a primeira maquiladora de um empresário brasileiro no Paraguai, com mais de 20 anos de operação”, relatou.
Para ele, essa visita foi emblemática para mostrar a solidez do ambiente de negócios local. “Isso significou uma experiência para todos, mostrando que o Paraguai não é algo momentâneo, não é uma moda ou uma solução apenas para a crise tributária no Brasil, e sim que é algo sólido”, afirmou Linzmeyer, referindo-se à segurança proporcionada pela Lei Maquila.
Um dos principais atrativos discutidos durante a missão foi o potencial do Paraguai como uma ferramenta para aumentar a capacidade produtiva das indústrias catarinenses, sem a necessidade de encerrar as operações no Brasil. O governo paraguaio, focado na geração de empregos, oferece benefícios fiscais e não cobra tributos sobre remessas de lucro, incentivando o investimento estrangeiro. “A mensagem é clara: vale a pena operar no Paraguai mantendo as matrizes no Brasil, usando o país vizinho como uma ferramenta de produtividade e trazendo o dinheiro de volta para cá”, explicou o diretor.

Mão de obra
Para a realidade de Santa Catarina, a missão apontou uma solução viável para um dos maiores gargalos atuais: a escassez de mão de obra. “Hoje sofremos com um colapso de mão de obra, com muitas vagas em aberto. A operação no Paraguai surge como um escape, uma solução paliativa ou até definitiva para nossas empresas”, destacou Linzmeyer.

Agenda de alto nível
Além das visitas técnicas, a programação incluiu um encontro especial com a Câmara de Empresários Brasileiros no Paraguai, que contou com a presença do governador de Alto Paraná, César “Landy” Torres. O evento proporcionou uma rodada de negócios e a apresentação das empresas catarinenses a potenciais parceiros locais.
A delegação também marcou presença na Paraguai Business Week, em Ciudad del Este. De acordo com Linzmeyer, a missão da Fundação Empreender se diferenciou de outras presentes no evento. “Nossa missão foi destaque pelo foco em visitas técnicas, em conhecimento e em resultado, não apenas como uma viagem. Acredito que todos os participantes saíram com suas expectativas superadas”, disse.
O sucesso da iniciativa reforça o papel da Fundação Empreender como um braço técnico do sistema FACISC, profissionalizando missões que geram resultados concretos para o empresariado. “Fico lisonjeado pela abertura que o governador nos deu e pelo reconhecimento que recebemos”, comentou o diretor, agradecendo também à equipe de apoio que tornou a viagem possível. Com os resultados positivos, uma nova missão para o Paraguai já está nos planos para o próximo ano, consolidando um caminho de cooperação e crescimento para a indústria catarinense.

Vantagens competitivas
O também diretor da Fundação Empreender, Jonny Zulauf, detalha os fatores que tornam o Paraguai um destino tão atraente para a indústria catarinense. Segundo ele, que reforça o papel da fundação na internacionalização de empresas, as vantagens do país vizinho são “objetivamente bastante expressivas”. O principal destaque é o sistema tributário, conhecido por sua simplicidade e baixa carga. “É a regra do 10-10-10: são 10% de imposto sobre o lucro, 10% sobre o salário dos empregados e 10% sobre as vendas no mercado interno”, explica.
Para as empresas exportadoras, o cenário é ainda mais vantajoso. Através de uma legislação especial, a Lei de Maquila, é possível importar matérias-primas e exportar o produto final pagando apenas 1% de imposto sobre o valor agregado.
Outro pilar de competitividade é o custo da mão de obra. Embora o salário mínimo paraguaio seja maior que o brasileiro, em torno de R$ 2.200, ele serve como base para a remuneração e não há outros encargos trabalhistas, com exceção da taxa de 10%. “Há bastante mão de obra disponível e o pessoal é muito habilidoso para se capacitar”, acrescenta o diretor.
Contudo, o grande diferencial para o setor industrial é o custo da energia elétrica. “A energia equivale a 40% do que nós pagamos aqui. Isso dá um ganho competitivo muito grande”, ressalta Zulauf, explicando que a vantagem vem da energia excedente da Usina de Itaipu, à qual o Paraguai tem direito.
A combinação desses fatores, somada à boa infraestrutura de parques industriais e a um clima de negócios favorável, com forte apoio governamental, já gerou resultados práticos. Outro ponto destacado por Jonny está na consolidação de um país que há mais de 20 anos tem segurança jurídica, reúne um ambiente de negócios altamente favorável, mas que agora investe também em melhoria de sua infraestrutura.